António Nóbrega . São Paulo . Brasil
“Lunário Perpétuo é o nome dado a um pequeno livrinho (embora gordo em páginas) que, durante esses dois últimos séculos e meio, foi, segundo Câmara Cascudo, um dos mais lidos nos sertões do Nordeste. Era uma das principais fontes de referências e conhecimentos para os poetas populares, em suas cantorias e poesias. Um dos livros básicos para o domínio da arte de versejar.
Ainda segundo Cascudo, o Lunário trazia um pouco de tudo: astrologia, horóscopo, receitas médicas, mitologia, rudimentos de física, calendários, vidas de santos, biografia de papas, conhecimentos agrícolas, generalidades, processo para construir um relógio de sol, procedimento para se conhecer a hora pela posição das estrelas, conselhos de veterinária...
Ao longo desses últimos trinta anos, aprendi loas, toadas e cantigas de cirandeiros, aboiadores e cantadeiras; aprendi choros, música de banda cabaçal e ponteados de violeiros, pifeiros e “chorões”; passos, gingados e mugangas de sambadores, dançarinos e brincantes. Esses cantos, toques e danças são as pedras do meu Céu e as estrelas do meu Chão. Com eles soletro, penso e esperanço meu sonho humano. Através deles aprendi a amar o meu país e o seu povo. Eles são o meu Lunário Perpétuo.”
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