a partir de Chiquinho, de Baltazar Lopes da Silva
Burbur . Cabo Verde
“O Romance Chiquinho é um romance de fantasmas, mas são os sonhos que vagueiam nas almas das personagens o seu principal motor, combustível que torna esta obra num marco na literatura caboverdiana de língua portuguesa. Em Cabo Verde, decorria o ano de 1930 e as condições do povo não eram as melhores, as secas destruíam colheitas, a fome estendia as suas garras sobre uma população indefesa e o povo desesperava. Mas no meio da fome e da pobreza do povo caboverdiano, durante o período ao qual o romance Chiquinho nos remete, há uma esperança, um sonho recalcado em todas as personagens: Tio Joca, Euclides Varanda, Toi Mulato, todos poderiam ser outra pessoa que não são, se ao menos a terra os deixasse. É aqui que entra o mar, rampa de sonhos e de fuga, a miragem da América, os baleeiros para correr sete mundos, o futuro prometido para lá da fome, das secas e do sofrimento. Chiquinho é o fio condutor, por onde passam as personagens, tanto em São Nicolau, como em São Vicente. Será Chiquinho a memória de Baltasar Lopes, ou ao contrário? Ao folhear as duzentas e onze páginas (lidas num sussurro), identifiquei-me com as personagens de Chiquinho. É por isso que o romance continua actual, porque os sonhos custam a morrer.”
Nuno Vieira
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Museu dos Transportes, 15 de Dezembro, 18h00
ficha técnica e artística
encenação José Carretas
dramaturgia Nuno Vieira, José Carretas, Vânia Cosme e Burbur
elenco Andreia Vasconcelos, Flávio Hamilton, João Paulo Brito, Odete Môsso e Sílvia Lima
desenho de luz César Fortes
sonoplastia Diogo Barbedo
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