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| Xtórias
/ Arte Pública
O
Arte Pública, fundado em 1992, por Gisela Cañamero e José
Barbieri, é uma estrutura interveniente numa região – o Baixo Alentejo
– altamente carenciada do convívio com as linguagens das artes do espectáculo
e da vivência criativa, em todos os domínios da vida. O seu modo
de actuação tem-se caracterizado pela abertura de canais de comunicação
e de implementação de parcerias. Pode, então, afirmar-se
que a companhia se assume como uma entidade vocacionada para a dinamização
cultural e artística do Baixo Alentejo.
"Xtórias"
é um espectáculo desenvolvido em Moçambique, em Fevereiro
de 2001, onde se efectuou algum do trabalho de recolha de imagem (vídeo
e fotografia) e de sonoridades, na zona de influência maconde (registo de
contadores, de manifestações de dança e de música,
de cenas do quotidiano, da fauna e da flora, etc.). Foi
realizado todo um estudo das possibilidades de apropriação de gestos,
movimentos, expressões, características geográficas e estéticas,
músicas e sonoridades, do seu possível cruzamento com os sinais
da cultura alentejana e extrapolação em signos de impacto cénico;
foi, ainda, feita uma comparação entre a oralidade registada na
obra "Novos Contos Macondes" e a possível evolução/ramificação
destes contos, 40 anos e duas guerras depois da sua fixação. Em
Março de 2001, já em Portugal, no Alentejo, terminou-se a montagem
desta aposta que se move num cenário de pós-mestiçagem cultural.
"Xtórias"
é um espectáculo teatral construído através de uma
viagem pelo estudo antropológico da tradição do conto oral;
reúne vários contos recolhidos no Baixo Alentejo e, do povo Maconde,
no Norte de Moçambique; a partir do levantamento dos contos encontraram-se
pontes entre dois povos que traduzem uma cumplicidade entre formas de ver e de
julgar os diversos momentos da vida dos homens. Nas
histórias que três actores interpretam desenrolam-se os diversos
jogos, estando sempre visível o carácter do jogo dentro do jogo.
O confronto de olhares, o despique, a provocação, onde a gestualidade,
a expressão e movimentação corporal, as mutações
vocais, estão sempre presentes, no cruzamento de ambientes tão diversos
como o mato, o planalto, a planície, a terra cultivada e a casa - tendo
como temas nucleares o jogo familiar e a aceitação social - o tabu
da sogra, as relações extra-conjugais, a amizade, etc.
Esta
acção decorreu no espaço da Escola da Noite, no Pátio
de Inquisição, nos dias 26 e 27 de Julho. Criação
Dramática e Encenação
Gisela Cañamero | Cenário / Suporte Multimédia
José Barbieri | Direcção Musical / Suporte Musical
Luís Beco | Assistência Cenográfica Helena Ventura
| Elenco Gisela Cañamero, Clemente Tsamba, Rajá Omar Rajá |