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Oficina
de São Paulo
«De
volta ao ponto de partida.
Desta vez, porém, não aportou na Bahia, onde a atmosfera
de Cabo Verde poderia se prolongar, mas em São Paulo, a metrópole
do mundo lusófono, terceira cidade do planeta e maior parque industrial
da América Latina. Uma cidade que apresenta na sua paisagem humana
as mais diversas etnias, imensas colónias de europeus, africanos,
asiáticos, além dos latino-americanos e do enorme contingente
populacional formado pela migração interna. Aspectos que,
de saída, levam à indagação sobre qual cara
da cidade a oficina reflectiria.
Realizado no Espaço Cénico Ademar Guerra, do Centro Cultural
São Paulo, a oficina revelou uma cidade cheia de contrastes que
se entrelaçam, gerando assim a sua própria fisionomia. A
violência urbana, a sexualidade liberada e exercida, a religiosidade
latente em mitos de diferentes lugares que para esse espaço convergem,
eram os temas e as formas de expressão dos actores. A contradição
entre a Natureza e o Concreto Armado agita sua imaginação.
Pode parecer estranho, mas nesses actores de uma cidade onde a Natureza
tem tão pouco espaço, as visões da terra, da água
e das plantas surgem com impacto semelhante ao revelado pelos actores
de Moçambique.» (Sebastião Milaré)
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