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"De passagem por Cabo Verde tivemos o privilégio de contactar o músico Vasco Martins que nos cedeu cordialmente a honra de estudar a sua obra sinfônica "Danças de Câncer". Uma obra que reúne e recria, utilizando na linguagem clássica todas as estruturas rítmicas das diversas expressões musicais de Cabo Verde. Obra prima onde, a complexidade rítmica, cheia de fortes contrastes e de movimentos; a beleza do seu universo, magia, natureza e inovação, lhe conferem uma especial capacidade em estimular a criação coreográfica e as condições ideais para uma composição conjunta. Extraímos o título "Danças de Câncer" onde está subjacente a situação geográfica de Cabo Verde como também, a forte presença do Mar e das suas paisagens, como todo o movimento que daí se advém. Uma viagem ao mundo crioulo. Pretendemos que o elenco fosse misto o que, para além de proporcionar o intercâmbio de artistas dos dois países também possibilitará oportunidades de estudar de perto as duas realidades culturais temática base deste trabalho". António Tavares
Danças de Câncer surge no seguimento da linha de trabalho presente nos anteriores projectos do autor, nomeadamente na sua última peça "Fou-Naná", que tem como objectivo principal o de dar a conhecer pontos e características importantes da "aventura crioula" e entendendo Cabo Verde como um "laboratório da humanidade". Tentando sempre aliar na pesquisa a Literatura, o Vídeo, a Música a outras artes que nos chegam do espaço de expressão portuguesa, interessa aqui reflectir vivências e particularidades, rasgando fronteiras e definições dos diferentes géneros artísticos, para falar sobre o mundo e o tempo em que vivemos. Desta vez, com o privilégio de trabalhar a primeira sinfonia composta por um cabo-verdiano: danças de Câncer sinfonia para a orquestra do músico Vasco Martins. Por outro lado, Danças de Câncer parte também do texto do escritor Luís Romano "Euroafroverdiano" para ficcionar sobre o passado imaginário e reinventado de Cabo Verde, numa visão universalista. Danças de Câncer pretende falar de diferentes culturas numa aldeia global. Do eterno peregrino que existe em cada um de nós. Das oferendas à fome e de perspectivas Sul-Norte. Do sincretismo religioso onde as crenças africanas e católicas se reúnem numa dança comum à Deusa do Mar e todos os trópicos se confundem com o Trópico de Câncer. Poder-se-á considerar que o carácter inovador deste projecto reside no facto de se conjugar o processo de criação coreográfica com o intercâmbio de intérpretes, como resultado da parceria com a organização Danças na Cidade (projecto "Dançar o Que é Nosso"). São Vicente Coreografia:
António Tavares |
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