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1997
1998
1999

Circuito Teatral Lusófono
Agitada Gang
Como Nasce um Cabra da Peste
Digressão
Sapateira Prodigiosa
Cloun Creolus Dei
Participação do Teatro Meridional no Mindelact'99
Os Velhos não devem namorar

Estação Cena Lusófona
Cloun Creolus Dei
Aula-espectáculo Sol a Pino - António Nóbrega
Flor de Obsessão
Pranto de Maria Parda
Saga Press
A Sapateira Prodigiosa
O embondeiro que sonhava pássaros
Danças de Câncer
Sons da Lusofonia
Antígona

Forum
ciclo de leituras de textos dramáticos lusófonos [S. Paulo, Brasil]
Exposição: Angola a Preto e Branco

Projecto Especial
Viagem ao Centro do Círculo
Oficina de Salvador da Bahia
Oficina de Maputo
Oficina de Luanda
Oficina de Mindelo
Oficina de São Paulo
Oficina de Braga

2000




Oficina de Luanda

«Em Luanda, onde se deu a terceira oficina, a guerra é uma presença concreta. Ainda que pelas ruas da bela capital de Angola não ocorram combates há anos, a guerra contamina a paisagem. Há sinais inequívocos, como rolos de arame farpado sobre muros, vistos aqui e ali no centro da cidade, ou o lixo acumulado pelas ruas, os esgotos avariados, a água empossada que se torna potencial viveiro de cólera. Tudo compõe o cenário onde se movimentam três milhões de pessoas, tentando conviver com o flagelo que há 38 anos martiriza o país, corrompendo-lhe as estruturas, pulverizando valores.
O desenvolvimento da oficina, na sede do Elinga Teatro, mostrou certo cepticismo e agoniada expectativa dos quais a sociedade está impregnada. Extremamente reservados nos depoimentos e nas improvisações, evitando aspectos que tangenciem áreas nebulosas da vida, os actores angolanos tentavam mostrar-se pragmáticos. Muitas vezes fugiram às improvisações, recorrendo a cenas já feitas e conhecidas que tivessem alguma relação com o tema proposto. É como se evitassem o território crítico e misterioso presidido pela imaginação, expressando-se através de coisas cristalizadas. Um instrumento de defesa, no final das contas. A guerra é uma realidade muito próxima do seu quotidiano, exigindo vigilância permanente. A imaginação conduz a um plano superior da realidade, cuja contemplação é muitas vezes terrível e assustadora.
Isso não significa, porém, que em nenhum momento os actores cedessem à memória e, através da memória, à imaginação. Foram os melhores momentos da oficina, não só pelo resultado dramático, mas sobretudo porque, nesses momentos, os trabalhos atingiam sua meta precípua: rompiam as cadeias da realidade objectiva e propiciava ao actor o ingresso no território onde se encontram todos os homens do mundo, toda a humanidade - a ficção veiculada pelas linguagens dramáticas.» (Sebastião Milaré)

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