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Sílvia
Lima
"Não
boca de loba / na cu de baleia / que merda até ali", enquanto isso
o braço desenhava uma linha acima da cabeça. Era assim a cada nova apresentação.
De Cabo Verde trouxe o ritual da boa sorte e de exorcismo dos medos do
palco. Depois de dito, quase gritado, tudo irá certamente correr bem.
Pelo menos assim o desejava em cada estreia que era, no fundo, a consumação
de meses de trabalho. A actriz e fundadora do Grupo de Teatro do Centro
Cultural do Mindelo olha para a digressão como um momento onde a comunhão
foi mais acentuada. Dos horários rígidos das oficinas para um momento
de maior relaxe. Às vezes, quando chegavam mais cedo aos locais de ensaio,
aproveitavam para trocarem danças e músicas entre todos. No final fica
o desejo de continuação.
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