“Vim-te
buscar”, a última produção da companhia lisboeta Bica
Teatro, com base em texto original do poeta e jornalista moçambicano Luís
Carlos Patraquim, estreou no dia 27 de Março no teatro da Comuna, espaço
da capital portuguesa, onde se manteve em cena até 4 de Maio. Este espectáculo
conta com o apoio da Cena Lusófona que, pela segunda vez, se associa à
jovem Associação Cultural. A primeira colaboração
decorreu no âmbito da montagem da peça “Karingana Wa Karingana”,
igualmente da autoria de Luís Carlos Patraquim e também subordinada
à temática moçambicana, que estreou em Julho de 2001, em
Coimbra, no contexto das “Práticas Cénicas Interculturais”.
Numa encenação de João Mota, “Vim-te buscar”
conta no seu elenco com três actores: Paulo Patraquim (que interpreta “Duda”),
Patrícia Abreu (Muaziza) e Ana Magaia (Saquina). Todos eles, de uma forma
ou de outra, possuem fortes ligações à África de língua
oficial portuguesa, com destaque para Ana Magaia, consagrada actriz moçambicana,
convidada expressamente para este trabalho da “Bica Teatro”. Ana Magaia
arribou em Lisboa ao abrigo da colaboração da Cena com esta companhia
e das suas afinidades com Moçambique. Para além de assegurar o estágio
de Ana Magaia em Portugal, a intervenção da Cena neste projecto
compreende ainda a encomenda e a edição do texto de Luís
Carlos Patraquim, que assim se estreia nos meandros da escrita teatral. O volume
integrará a colecção Cena Lusófona dedicada às
dramaturgias contemporâneas no espaço CPLP. A acção
da peça decorre em Lisboa, cidade/cruzamento de culturas, palco dos ”amores”
entre a jovem moçambicana Muaziza e “Duda”. Saquina, velha
tia “feiticeira” da rapariga, vem de Moçambique ao encontro
da sobrinha, pretendendo levá-la de volta para o seu país natal.
Lisboa, nas palavras de Patraquim, é para a idosa senhora um local estranho,
o «lugar do outro». A palavra ao autor: «Eis, então,
que chega Saquina a um palco de... Lisboa. Porque o projecto começa aqui;
o projecto de uma peça de teatro. Será preciso dizer que a acção
pode passar-se em qualquer lugar, desde que esse lugar seja o lugar do outro,
onde as personagens vão estar, na linguagem. Saquina, a velha tia; Muaziza,
jovem, sonhadora, bonita, sua sobrinha e Duda (Eduardo), jovem e ex-namorado de
Muaziza. O “plot” e/ou conflito é simples: Saquina veio a convite
de Muaziza. Estes nomes indiciam outras pertenças culturais, melhor dizendo,
a presença africana que se vem instilando na “alma” e no perfil
de Lisboa, transformado-a, gerando conflitos e cumplicidades. Mas não será
isso o que mais interessa. Pretende-se por em situação digamos que
a “interioridade” dessa presença, o discurso conflitante dessa(s)
identidade(s)». Esta produção contou ainda com o apoio
do Instituto Português de Artes do Espectáculo (IPAE), Ministério
da Cultura, Comuna-teatro de Pesquisa, UCCLA (União das Cidades Capitais
de Língua Portuguesa), Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de
Lisboa, RDP-Antena 1 e Danças na Cidade Ficha
Técnica Texto
Luís Carlos Patraquim Encenação
João Mota Assistência
de Encenação Miguel Sermão
Cenário Sonoro Carlos Guerreiro Cenários
e Figurinos Paulo
Calhau/Sara Machado da Graça Design
de Luzes Abílio Apolinário Fotografia
e Design Gráfico Clementina Cabral Intérpretes
Ana Magaia, Patrícia Abreu, Paulo Patraquim Operação
de Luz Bruno Rolo Voz
Off Dora Cruz | |