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PRÁTICAS
cénicas interculturais
À
volta da Língua Estúdio
Bonifrates (Rua Pedro Monteiro) dias 23 e 25 de Julho, às 22.00h
dia 24 de Julho, às 17.00h Partindo
de textos exclusivamente de autores de língua portuguesa, propomo-nos com
este espectáculo conferir uma leitura diferente a esses textos. Mostrá-los
na sua forma, no seu conteúdo, na sua sonoridade. Evidenciar a língua
portuguesa como língua viva: como os autores contemporâneos foram
buscar as suas referências formais e de conteúdo a autores mais antigos
e como, partindo dessas referências, a língua se desenvolveu e continua
em transformação. Tentamos revelar como a reinvenção
da língua é um acontecimento quotidiano, não só em
Portugal, mas também em outros países onde se fala o português.
Trabalhar para um público (o público escolar) que normalmente não
está desperto para gostar de autores que é "obrigado"
a ler, deu-nos de imediato vários pontos de partida: - É importante
fazê-los perceber que as palavras de ontem são as mesmas de hoje;
- Importante também, é que sintam que a condição humana
foi e será sempre o objecto da escrita de todos os tempos, daí que
também lhes diga respeito; - Tentamos surpreendê-los, mostrando que
os textos podem ter sonoridades muito parecidas com as linguagens orais e musicais
que são as suas; - Tentamos apontar-lhes caminhos de leituras, despertando
a sua curiosidade para textos que tratam os temas que são os do seu quotidiano:
o amor, as relações entre os homens, o poder, a amizade, etc. Todo
este trabalho tem como ponto de partida, a sonoridade. Usamos desde os vários
registos vocais da actriz, à manipulação desses mesmos registos
recorrendo a novas tecnologias. Usamos também vozes gravadas e ambientes
sonoros diversos (musicais e outros). Tentamos que esta "linguagem"
sonora traga alguma surpresa à leitura dos textos. Os ambientes sonoros
têm sempre como base a sonoridade das palavras e da voz. Se a voz é
utilizada normalmente para falar, para cantar, ou mesmo como um instrumento, aqui
tentamos que ela sirva como um ambiente. Enquadramento pedagógico:
A recusa da leitura: um problema para o qual se tentam encontrar as mais variadas
soluções didácticas. Inúmeros inquéritos europeus
realizados junto de jovens em idade escolar (Baudelot, França, 1998, entre
outros) determinam que os jovens lêem. Somente, as suas leituras não
coincidem com as propostas dos programas escolares nomeadamente no campo da literatura
da língua materna. Tal situação tende a ser interpretada
como um divórcio entre a leitura-prazer e a leitura "obrigatória"
formada e deformada pelo peso excessivo do academismo escolar e da análise
estrutural dos textos. Importa pois um retorno ao poder sedutor da palavra e esse
retorno só pode realizar-se a partir de uma forma inovadora de o tornar
relação com o ouvinte, potencial leitor curioso do futuro. Ficha
de identificação do espectáculo: Encenador - Carlos do
Rosário Actriz - Cristina Paiva Sonoplasta - Fernando Ladeira
Figurinista - Marta Carreiras Duração: 45 minutos Objectivos:
- O espectáculo é dirigido ao público escolar do ensino secundário
ou a estudantes de português como segunda língua; Apresentar
uma leitura encenada diferente e aliciante dos textos que os jovens estudam ou
lêem; Envolver o espectáculo numa sonoridade surpreendente para
o público através de registos vocais diferentes e manipulação
desses mesmos registos; Revelar a dinâmica e vitalidade da língua
portuguesa; Criar mais leitores através do princípio da curiosidade
e do prazer. Lista de autores cujos textos são utilizados no espectáculo:
Manuel Alegre Carlos Drummond de Andrade Eugénio de Andrade
Sofia de Mello Breyner Andresen Ruy Belo António Botto Luís
Vaz de Camões João Ruiz de Castel-Branco Mia Couto José
Craveirinha José Gomes Ferreira Sebastião da Gama Almeida
Garrett António Gedeão Irene Lisboa Cecília Meireles
Vinicius de Moraes Vitorino Nemésio Agostinho Neto Pedro Oom
Eça de Queirós Jorge de Sena Mário Cesariny de Vasconcelos
Nota: São ainda usados excertos muito curtos de Fernando Pessoa, Gil Vicente,
David Mourão Ferreira outros. |