A formação teatral constituiu sempre uma das principais apostas do programa Cena Lusófona que começou por realizar oficinas para jovens actores em cinco países da CPLP: São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola e Moçambique. Estas primeiras acções tiveram perfis e objectivos diferenciados consoante o país de destino e a sua conjuntura teatral. No entanto, comum a todos os projectos foi a procura de um contacto frutuoso entre criadores portugueses e africanos, todos portadores de diferenciados potenciais artísticos e criativos e oriundos de diferentes culturas e meios sociais.

Cientes das dificuldades e riscos que um projecto desta dimensão poderia acarretar, os criadores de teatro portugueses dispuseram-se ao ofício de humildade artística de procurar um (re)encontro com outra cultura, sem paternalismos, mas também sem a consciência pesada dos fantasmas do passado colonialista.

No horizonte destas primeiras oficinas estava já a ideia de que elas fossem o ponto de partida para a realização de co-produções, objectivo que, no ano a seguir, seria atingido em Cabo Verde, Angola, Moçambique e S. Tomé e Príncipe.

Ao longo dos anos a Cena Lusófona tem vindo a multiplicar as acções neste sector, através de várias experiências e formatos, procurando sempre estabelecer ligação com a produção artística. Entre as dezenas de acções realizadas destacam-se os Estágios Internacionais de Actores, com quatro edições (1998, 1999/2000, 2003 e 2012/2014) que reuniram actores dos vários países da CPLP durante períodos de tempo variáveis (de onze meses, a primeira; três meses, a segunda, quatro meses, a terceira e  ? meses, a quarta) tendo produzido vários espectáculos (“A Fronteira”, “O Beijo no Asfalto”, “Quem Come Quem”, "O Horácio” e “As Orações de Mansata”) que reflectiram o diálogo cultural no interior desta comunidade.

Para além das oficinas de actor, a actividade de formação da Cena Lusófona alargou-se a outras áreas, através de oficinas de iluminação cénica, oficinas de escrita, oficinas de biblioteca e documentação, construção e manipulação de bonecos, produção, entre outras. Os Estágios Internacionais de Actores (EIA) assumem, dentro deste capítulo, um estatuto próprio, pela sua dimensão e pela profundidade da abordagem que potenciam.