A Cena Lusófona – Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral existe desde 1995, com o objectivo de dinamizar a comunicação teatral entre os países de língua oficial portuguesa.
Embora só funcione enquanto estrutura organizada e com autonomia desde 1996, a Cena Lusófona iniciou as suas actividades em 1995. Cerca de quatro dezenas de pessoas – encenadores, actores, cenógrafos, técnicos, antropólogos e arquitectos de cena – criaram e têm desenvolvido uma organização devotada exclusivamente ao intercâmbio teatral na comunidade lusófona. A sua sede é na cidade portuguesa de Coimbra.
O programa Cena Lusófona articula-se num conjunto diversificado de projectos: formação, co-produções, circulação de espectáculos, infra-estruturas teatrais, investigação, dramaturgias, debates e conferências, exposições, edições, programas inter-disciplinares, programas institucionais e de cooperação. Entre as iniciativas realizadas destacam-se as co-produções de espectáculos em que se envolveram entidades de dois ou mais países; a realização de um festival de teatro, denominado Estação, rotativo nos países de língua portuguesa, que já teve lugar em Moçambique (Maputo, 1995), Brasil (Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, 1996), Cabo Verde (Mindelo, 1997), Portugal (Coimbra, Braga e Évora, 1999), São Tomé e Príncipe (2002) e Portugal (Coimbra, 2003); a inventariação dos espaços cénicos, nos países africanos, com o objectivo de criar uma rede para a circulação de espectáculos, desenvolvendo, ao mesmo tempo, contactos com vista à sua recuperação; o fomento de experiências de intercâmbio, nomeadamente de carácter formativo, rompendo o isolamento e proporcionando àqueles que dedicam a sua vida ao teatro o contacto com outros grupos, formadores e escolas qualificadas (de que são exemplo os quatro estágios internacionais com actores de todos os países da Comunidade); a constituição de um Centro de Documentação e Informação, em actividade em Coimbra, que reúne e divulga informação sobre o teatro nos países lusófonos. A sua actividade editorial é igualmente vasta e diversificada, contemplando a publicação de uma revista especializada, setepalcos, que tem sido até aqui uma montra do que se faz na cooperação teatral entre todos os países da CPLP; a colecção Cena Lusófona, uma colecção de dramaturgia de língua portuguesa que conta já com nove volumes dos autores José Mena Abrantes (Angola), Leite de Vasconcelos (Moçambique), Mia Couto e Natália Luiza (Moçambique e Portugal), Fernando Macedo (S. Tomé e Príncipe), António Aurélio Gonçalves (Cabo Verde), Abel Neves (Portugal), Naum Alves de Souza (Brasil) e Abdulai Sila (Guiné-Bissau). No capítulo editorial há a registar ainda o lançamento, em finais de 2001, do álbum monográfico “Floripes Negra”, de Augusto Baptista, dedicado a uma das mais extraordinárias manifestações teatrais de rua africanas, o Auto de Floripes, que anualmente se realiza na Ilha do Príncipe. Ainda neste âmbito, a Cena Lusófona lançou em 2002 o cenaberta, um jornal com duas versões, em papel e em formato digital, que pretende ser um espaço noticioso dedicado às iniciativas da associação e, em geral, às actividades culturais e teatrais da comunidade de língua portuguesa.
Em todas as iniciativas da Cena Lusófona aparece, até 2005, a fórmula “com o alto patrocínio do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal de Coimbra”. A partir dessa altura, a associação deixou de contar com qualquer apoio do Ministério da Cultura Português, o que condicionou gravemente a sua capacidade de trabalho. Os anos de 2007 e 2008 ficaram marcados pela luta pela sobrevivência e pela procura de fontes de financiamento que permitissem não desperdiçar o investimento que havia sido feito nos anos anteriores.
A partir de 2009, a Cena Lusófona recuperou alguns dos seus projectos mais marcantes, nomeadamente ao nível do Centro de Documentação e da Edição (incluindo a base de dados de espaços cénicos), ao nível da investigação sobre as artes performativas tradicionais (com destaque para o ciclo “Narradores Orais”) e ao nível do “Forum” (com a organização dos Encontros Internacionais sobre Políticas de Intercâmbio e o regresso das sessões de “A Cena no Café”). Também em 2009, a Câmara Municipal de Coimbra viu aprovado o financiamento para a recuperação da Ala Central do Colégio das Artes, no Pátio da Inquisição, em Coimbra. Aqui funcionarão, a partir de 2015, as novas instalações da Cena Lusófona, que incluirão um espaço nobre e funcional para alojar o Centro de Documentação, permitindo optimizar as condições de utilização por parte do público.
Entre 2012 e 2015, as actividades centram-se no projecto P-STAGE: IV Estágio Internacional de Actores Lusófonos, financiado pela União Europeia e pelo Secretariado dos Países ACP no âmbito do programa ACP Cultures +. É desenvolvido em parceria com o Elinga Teatro (Angola) e a AD – Acção para o Desenvolvimento (Guiné-Bissau) e tem como associados o Centro de Intercâmbio Teatral de São Tomé e Príncipe, o Teatro Vila Velha (Salvador, Brasil) e o Centro Dramático Galego (Espanha). Inclui acções de formação em três países africanos de língua portuguesa (Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe) e uma co-produção internacional, com actores destes países e ainda actores profissionais portugueses e brasileiros.