Comunicados
de imprensa 16
de Agosto de 2002
Nota
de Imprensa Os
Fidalgos: novo teatro da Guiné-Bissau em Braga O
recém-criado grupo de teatro guineense, Os Fidalgos, vai passar por Portugal
numa mini-digressão, que compreende uma única representação
da sua primeira criação colectiva O Lutador, espectáculo
de teatro musical em co-produção com a Cena Lusófona, no
Espaço Alternativo P. T., da Companhia de Teatro de Braga. O
grupo guineense vem a Portugal por iniciativa da Cena Lusófona Associação
Portuguesa para o Intercâmbio Teatral e da companhia bracarense, que acolhe
Os Fidalgos no seu espaço no dia 22 de Agosto, pelas 21h45, naquela que
deverá ser a única apresentação em Portugal deste
espectáculo nesta ocasião, após a sua primeira internacionalização
na Estação da Cena Lusófona/Festival Gravana 2002, que está
a decorrer em São Tomé e Príncipe até dia 18, e onde
se revelaram como um dos mais promissores novos colectivos teatrais guineenses. Trata-se
de um espectáculo de cariz musical, intitulado O Lutador, com
base em texto escrito pelo novo colectivo da Guiné-Bissau, e sob a coordenação
de Andrzej Kowalski, encenador e realizador polaco radicado em Portugal, que em
representação da Cena Lusófona tem acompanhado este projecto
desde a sua génese, em finais de 2001. A companhia é formada, essencialmente,
pelo elenco de actores e músicos locais que habitualmente trabalha com
o consagrado cineasta guineense Flora Gomes. A estreia de O Lutador
teve lugar no dia 20 de Junho último em Bissau, no Centro Juvenil do Bairro
de Quelélé, contando com o apoio da Associação de
Moradores desta zona da capital da Guiné-Bissau. Este
espectáculo foi possível também graças à cooperação
com a ONG local Acção para o Desenvolvimento, que entra, desta forma,
no universo de parcerias da Cena Lusófona. No caso em apreço, há
a destacar o trabalho conjunto, principalmente entre estas duas últimas
instituições, no sentido da recuperação e adaptação
de um novo espaço de teatro em Bissau, convertendo o referido Centro Juvenil
num equipamento cultural adequado para posteriores espectáculos ou ensaios
teatrais, aberto aos grupos da Guiné, que têm na falta de espaços
uma das suas maiores carências. Com
texto escrito pelo novo colectivo, e música composta pelos elementos do
grupo a par com temas tradicionais guineenses, O Lutador narra o percurso
de um jovem guineense, entre a pobre tabanca (aldeia) rural, até
à capital Bissau, numa luta pela sobrevivência e pela dignidade,
por entre os escombros de um país destruído pela guerra. Pretende-se
aqui retratar também a realidade do êxodo rural, na Guiné
ou noutra parte do mundo dada a universalidade da temática que Os Fidalgos
assumem nesta sua estreia, e o choque entre o mundo do campo, com os seus mitos,
práticas e rituais próprios, e a difícil e desumana realidade
urbana encontrada pelo Lutador, o protagonista deste teatro
musical, para utilizar uma definição do próprio grupo,
com final moralizador e exaltante. Os Fidalgos colocam aqui em confronto, em suma,
o apelo das pantanosas novas oportunidades e valores urbanos, e o
apelo visceral das raízes e identidades matriciais de cada povo. É
de salientar que, com o O Lutador, a nova companhia inaugurou um marco
na história das Estações da Cena Lusófona, sendo a
primeira vez que a Guiné-Bissau esteve representada nesta nossa grande
montra das dinâmicas teatrais que se vão desenvolvendo nas oito nações
de língua portuguesa. O grupo de actores que representou a Guiné
na Estação constitui a base do espectáculo, estreado sendo
constituído por: Jorge Quintino Biague; Amélia da Silva; Osvaldina
Vaz Gomes Adão; Pedro Dias; Verónica da Conceição
Gomes; Helena Sanca; Maika Augusto Baio; Domingos Gomes Marques; Juliano Semedo;
António Augusto Tchantchalam; Indira Pinto Monteiro; Mussa Camarra; Elizabete
Gomes Dias e Fernando Jorge Barreto Costa. |