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Comunicados de imprensa

16 de Agosto de 2002

Nota de Imprensa

Teatro Angolano e Homenagem a Paulo Valverde na recta final da Estação/Festival Gravana 2002


A Estação da Cena Lusófona, que este ano está a ter lugar em São Tomé e Príncipe, em associação com o Festival Gravana 2002, entra este fim de semana na sua recta final, no que respeita à programação teatral, com a apresentação, no domingo (dia 18), do espectáculo “Quem me Dera Ser Onda”, com base em texto do dramaturgo angolano Manuel Rui e encenação do português Cândido Ferreira.

Este espectáculo resulta de uma co-produção entre a Cena Lusófona – Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral e a companhia de Angola Elinga Teatro, envolvendo também as entidades angolanas Caixindré Produções e o projecto Contador de Estórias. Esta participação luso-angolana fecha o quadro de espectáculos teatrais da Estação, com uma representação no Teatro Marcello da Veiga (S. Tomé), pelas 17h00.

A Estação, no entanto, prossegue a sua actividade formativa em São Tomé e Príncipe até dia 31 de Agosto, com uma Oficina para Actores sãotomenses dirigida pelo encenador Rogério de Carvalho, com início no dia 19 e desenvolvendo-se em torno de lendas tradicionais deste arquipélago africano lusófono.

O colectivo angolano deverá participar, por outro lado, na sessão final do Fórum – Espaço de Encontro, onde ao longo da Estação/Gravana 2002 se debateram artes performativas das várias latitudes lusófonas e se trocaram opiniões e experiências teatrais.

A última sessão deste Fórum, amanhã (sábado) no Arquivo Histórico de São Tomé, pelas 14h00, terá uma particular importância e simbolismo, dado assumir-se como homenagem ao falecido jovem antropólogo social português Paulo Valverde, que dedicou grande parte do seu trabalho cientifico e académico à cultura e tradições são tomenses, principalmente ao estudo de manifestações locais como o Auto de Floripes ou o Tchilóli. Esta sessão do Fórum contará com a presença e contributo dos antropólogos Armindo Bião, Nuno Porto e Filipe Verde.

Ainda no sábado, o público da Ilha do Príncipe terá oportunidade de assistir ao espectáculo do colectivo revelação desta Estação, o Grupo de Teatro os Fidalgos, da Guiné-Bissau, que apresentam aqui, pelas 21h00, a sua primeira criação colectiva, o espectáculo de teatro musical “O Lutador”, com coordenação artística de Andrzej Kowalski. Lembramos, a propósito, que esta co-produção Os Fidalgos/Cena Lusófona estará no dia 22 de Agosto no Espaço Alternativo P. T. da Companhia de Teatro de Braga (CTB), pelas 21h45, em representação única em Portugal, no âmbito de uma mini-digressão em solo português, organizada conjuntamente pela CTB e pela Cena Lusófona.

Homenagem a Paulo Valverde

De Paulo Jorge Valverde, pode dizer-se, sem grande exagero, que morreu prematuramente por S. Tomé e Príncipe, país que, confessou a um dos seus mestres, se tornara para ele «um projecto de vida». Esse projecto acabou por roubar a vida, aos 37 anos, a este antropólogo português, vítima de malária, contraída em mais uma das suas missões ao arquipélago. Quando morreu, a 4 de Abril de 1999, o antropólogo social e docente do ISCTE preparava aí a sua tese de doutoramento. Ironicamente, como nota também João de Pina Cabral, em torno da temática da antropologia da saúde.

Antes de desaparecer, no entanto, Paulo Valverde deixou para a posteridade um dos mais ricos legados científicos sobre a etnografia e as tradições culturais populares sãotomenses, com relevo para o Tchilóli, a que dedicou artigos publicados em revistas.

A sua maior obra de referência, porém, foi postumamente editada. Trata-se de “Máscara, Mato e Morte em São Tomé”, uma compilação de escritos seus, coordenada pelo seu orientador de tese, o mesmo João de Pina Cabral. Um dos primeiros projectos da Cena Lusófona versando S. Tomé e Príncipe, em 1994, compreendeu, precisamente, o apoio à investigação de Valverde neste país, com que manteve uma paixão fatal. É de toda a justiça, portanto, dedicar à memória de Paulo Valverde a última sessão do Fórum desta Estação, subordinado ao tema “As artes performativas em S. Tomé e Príncipe”, com sessões e painéis espalhados ao longo dos dias do evento.

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