“A Batalha de Tabatô”, de João Viana, exibido em Coimbra a 15 de Março
A Cena Lusófona, em colaboração com A Escola da Noite e a produtora Papaveronoir, promovem a exibição em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB), de “A Batalha de Tabatô”, o filme de João Viana distinguido com a menção honrosa para primeira melhor obra na última edição do Festival de Berlim. A sessão tem lugar no dia 15 de Março (sábado, pelas 21h30) e conta com a presença do realizador. A iniciativa antecipa o regresso aos palcos de “As Orações de Mansata”, a peça do guineense Abdulai Sila estreada em 2013, no âmbito do projecto internacional P-STAGE.
Para a maior parte das pessoas a Guiné é apenas o terceiro país mais pobre do mundo. E, no entanto, passa-se algo de extraordinário em Tabatô, uma aldeia situada no interior da Guiné: todos os seus habitantes são, desde há 500 anos, músicos djidius, os cantores-poetas hereditários cujas canções de louvor, contos e lendas representam um papel fundamental na vida musical de África. É ali que vive o djidiu Mutar Djebate, chefe dos 300 melhores balafonistas do mundo (o Balafon é um xilofone de madeira com cabaças por baixo).
O filme é definido como “uma metáfora da situação presente na Guiné Bissau”. Conta a história pessoal e dramática de Baio (djidiu e ex-soldado mandinga ao serviço dos portugueses) que regressa à Guiné-Bissau, à sua aldeia natal de Tabatô, trinta e sete anos após o fim da guerra colonial, para assistir ao casamento da sua filha Fatu com o filho do chefe da aldeia, Idrissa Djabaté, um músico emergente na Guiné Bissau.
Estreado em 2013, “A Batalha de Tabatô” é a primeira longa metragem de João Viana e foi distinguido no Festival de Berlim com a menção honrosa para melhor primeira obra. Foi exibido em mais de duas dezenas de festivais por todo o mundo e tem sido aclamado pela crítica, nacional e internacional.
João Viana
O realizador, que estará presente na sessão e conversará com o público após a projecção do filme, nasceu em Angola, no cidade do Huambo. Entre 1988 e 1994, licenciou-se em direito em Coimbra e estudou cinema no Porto. Trabalhou em produção, som, story-board, realização e argumento. Em 2007, escreveu “Olhos Vermelhos” para Paulo Rocha. Trabalhou com cineastas como José Alvaro, Rob Rombout, Filipe Rocha, Saguenail, Seixas Santos, César Monteiro, Grilo, Biette, Manoel de Oliveira , Schroeter, entre outros. Começou a realizar os seus próprios filmes em 2004, ao lado de Iana Ferreira, com o filme “A Piscina” (Festival de Veneza, em competição). Em 2011 realizou a curta “Alfama”, vencedora de inúmeros prémios e seleccionada para a competição oficial do Festival de Clermont-Ferrand.
A Guiné e o P-STAGE
A exibição do filme no TCSB, em Coimbra, acontece a propósito da segunda temporada de “As Orações de Mansata”, de Abdulai Sila, que terá lugar entre 20 e 30 de Março. O espectáculo – uma co-produção Cena Lusófona / A Escola da Noite / Companhia de Teatro de Braga / Teatro Vila Velha (Brasil) – é a face mais visível do P-STAGE, um projecto de formação, criação e difusão teatral apoiado pelo programa ACP Cultures+, executado pelo Secretariado dos Países ACP e financiado pela União Europeia. Depois das três oficinas realizadas em Angola, na Guiné-Bissau e em São Tomé e de uma primeira digressão portuguesa (em Outubro e Novembro de 2013), o projecto inicia agora uma nova fase, com uma digressão internacional que inclui Portugal, Espanha, Guiné-Bissau e Angola.
Dirigido por António Augusto Barros, o espectáculo reúne um elenco de 13 actores, oriundos de seis países de língua portuguesa. O texto oferece um impiedoso retrato dos mecanismos de corrupção, luta pelo poder e violência extrema que caracterizam vários regimes políticos em todo o mundo e têm marcado, de forma trágica, a realidade da Guiné-Bissau nas últimas décadas. A busca das Orações de Mansata, que supostamente darão aos seus detentores os poderes necessários para dominar o povo, desenrola-se num processo em que a traição, a tortura e a morte são reduzidas à banalidade.